Monday, August 27, 2012

Purpura Valahica, da Davino - Um vinho romeno

Davino... Divino?

   A Raquel brindou-nos com um vinho supra-diferente: um sujeitinho vindo de para lá dos Cárpatos - esse nome vem do grego e significa "montanhas rochosas". Os Cárpatos são mais conhecidos por um ilustre morador de suas encostas, o Conde Drácula. E ao seu sopé está uma das regiões vinícolas mais importantes da Romênia, Dealu Mare, distrito de Muntenia, e que o leitor pode querer traduzir (corretamente) para Mar Dealu, embora geograficamente ela não tenha nada de marítima... um mistério a ser explicado. Com o intuito de situar definitivamente meu raro seguidor, aviso que a região fica ao norte de Bucareste (ei, mas isso lembra nome de filme...).
   Voltando das vampirescas divagações, o vinho apreciado foi o Purpura Valahica 2009, 100% Feteasca Neagra, uma variedade local cultivada por todo o país. É produzido pela Davino e apenas em safras especiais (mas parece que desde 2004 até hoje apenas a safra de 2005 não foi considerada especial, a julgar pelo histórico de produção deste vinho...). Bom, aconteceu que em 2009, com chuvas abaixo da média e temperaturas acima desta, a maturação acabou sendo beneficiada e assim mais um Purpura Valahica veio à luz, após envelhecimento de sete meses em carvalho romeno (!) e outros 12 meses na garrafa.
Purpura Valahica 2009, 100% Feteasca Neagra, 14°.

   Segundo o produtor, a maturidade do vinho alcançaria a plenitude em 2019. Consumido entre 2014 e 2019 seria um vinho mais maduro, enquanto a degustação prematura revelaria mais fruta - o que de fato tinha. Seu corpo era médio, quase leve para quem está acostumado a um padrão sul-americano mais rústico. Foi servido sem decantação e com mais ou menos meia hora para respirar, o que revelou um vinho relativamente básico no sentido qualitativo. Portanto, como sugeriu o título na abertura, nada de Divino neste Davino. Mas se não impressionou, também não marcou negativamente. Por uns vinte euros, existem milhares de escolhas melhores por toda a Europa, só que... por vinte euros também é uma boa pedida para quem deseja variar um pouco a tipicidade, conhecer algo diferente e que dificilmente é encontrado por estas paragens. Eu já bebi muito de um vinho só (uma dezena de caixas ou mais, ao longo dos anos). Se puder sugerir algo aos menos iniciados, é que evitem isso. Vivas à diversidade. Vivas ao vinho romeno. Vivas ao Purpura Valahica.

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